Sistemas de energia solar quadruplicaram em um ano no Estado. No começo de 2016, o Rio de Janeiro possuía apenas 203 sistemas de energia solar instalados em residências e empresas. Pouco mais de um ano depois, esse número ultrapassa os 800, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A queda nos preços, maior conhecimento sobre a tecnologia e a opção cada vez maior dos consumidores por alternativas sustentáveis são alguns dos fatores que motivaram essa expansão.
O chamado sistema de energia solar fotovoltaico é um conjunto de equipamentos capaz de gerar energia elétrica por meio da radiação solar, normalmente instalado em telhados, considerado a tecnologia mais popular no planeta para a microgeração distribuída de energia limpa e renovável. Desde de 2012, quando foi aprovada a resolução normativa de incentivo à energia distribuída, o Estado do RJ vem se destacando.
Niterói possui 80 unidades enquadradas no sistema, o que representa 10% do total no Estado. Uma parcela bastante significativa, na qual consumidores, além optarem por uma energia sustentável, possuem inúmeras vantagens econômicas, como valorização do imóvel, independência da variação da tarifa de energia elétrica e retorno do investimento em um período curto.
Assim, residências e empresas passam a produzir a própria energia que consomem e qualquer produção excedente, acima do que for consumido, se transforma em créditos junto à distribuidora. Esses créditos, que possuem uma validade de cinco anos, são utilizados nos momentos em que a unidade estiver consumindo mais energia do que gerando, como dias de chuva ou à noite e também pode ser transferido para outro imóvel.
A expansão da energia solar no Brasil segue uma tendência mundial, segundo Rodolfo Sousa Pinto, presidente da Engie Solar, empresa especializada na venda e instalação desses equipamentos, denominados sistemas fotovoltaicos. “Só no ano de 2016 foram realizadas 477 conexões, um aumento de 220% em relação ao ano anterior. Estimamos que em 2017 o número de novas conexões ultrapasse 600. Em países como Alemanha, Austrália e Estados Unidos já existem mais de um milhão de sistemas. Por aqui, pouco mais de oito mil, mas o crescimento tem sido exponencial. O acesso à informação sobre a tecnologia tem aumentado e por isso mais pessoas estão investindo. A Aneel espera que até 2024 sejam 1,2 milhão de brasileiros gerando sua própria energia”, afirmou Rodolfo.
O sistema fotovoltaico pode ser implantado em qualquer potência. Para uma residência de 4 pessoas, por exemplo, é possível encontrar produtos que variam entre R$ 15 mil R$ a R$ 20 mil. De acordo com Rodolfo, para atender clientes que moram em locais sem disponibilidade física, como apartamentos, é possível contar com outra unidade consumidora, cadastrada no mesmo CPF ou CNPJ, dentro da mesma região da distribuidora de energia, com disponibilidade física (telhado, laje ou solo disponível) e assim fazer uma compensação dos consumos. “Assim qualquer unidade consumidora que não tenha um local apropriado ou não tem interesse em ocupar seu espaço pode ser atendida. A queda no preço dos equipamentos nos últimos anos é outro fator que estimula a adesão. Atualmente existe, por exemplo, a opção de financiamento em até 72 vezes, o que na prática significa que o gasto pode ser compensado pela própria economia”, ressalta Souza Pinto.
Uma das instalações fotovoltaicas no Estado, em Niterói mais especificamente, é a do engenheiro civil Luís Otávio Araújo, em sua casa na Região Oceânica. “É uma casa autossuficiente em energia, o dinheiro investido vai ter retorno em alguns anos, mas independente disso a satisfação de usufruir de uma residência onde a energia elétrica vem de uma iniciativa própria, é muito gratificante. Aqui no Estado, onde faz muito calor e gastamos demais com ar-condicionado, é um ótimo investimento. Minhas contas de energia chegavam a mais de R$ 500 e hoje pago apenas R$ 80. Além disso, sinto que minha propriedade ficou mais valorizada. No verão recebo muitas visitas e mesmo assim estou gerando mais energia do que consumindo”, comenta Araújo.
A Enel Soluções, empresa do Grupo Enel especializada em soluções inteligentes em energia, atua nas áreas de eficiência energética, infraestrutura elétrica, geração distribuída, entre outros, possui projetos residenciais e empresariais de geração distribuída com energia solar entre as suas principais iniciativas. Desde 2013, a empresa atua neste segmento, efetuando instalações em diversos estados brasileiros. De acordo com a empresa, os painéis fotovoltaicos são 99% recicláveis e produzem energia elétrica por mais de 40 anos sem poluir ou contribuir de qualquer forma com o aquecimento global, e ainda, a economia gerada ao longo da vida útil de um sistema equivale a uma redução de até 90% de despesa com energia elétrica. “A geração distribuída é a grande revolução do setor elétrico. Além de não serem poluentes, representam solução eficiente e inovadora, uma vez que aproximam a geração de energia do local de consumo, evitando perdas na transmissão. Além disso, os consumidores têm a possibilidade de comercialização do excedente de energia gerado com a distribuidora local. Possuímos parcerias com os principais fabricantes de equipamentos do setor, o que proporciona ao cliente um padrão de qualidade nas instalações e a garantia de que, em caso de problemas de quaisquer natureza, receberá o suporte técnico adequado”, destaca Rafael Coelho, responsável pela área de Geração Distribuída da Enel Soluções.
No bairro de São Francisco, também em Niterói, a energia solar já é responsável pelo aquecimento da água de todo um prédio. A tecnologia, segundo Julio Kezem, diretor da Soter, construtora responsável pelo empreendimento, passou a representar um importante diferencial, e por isso, adotada em todos os projetos posteriores. “O prédio foi entregue em 2015, foi o primeiro em que utilizamos energia solar, que aquece a água de 32 apartamentos e duas coberturas. Mas a ideia foi muito bem-aceita, uma vez que representa tanto a redução de até 60% no consumo de energia elétrica, quanto um estilo sustentável de morar. Tanto que nos dois prédios que trabalhamos depois e energia solar foi novamente incorporada”, conclui Kezem.
fonte: Jornal O Fluminense